Sabe, Q.D
Nem tudo é o que parece ser.
Acabei de ver uma senhorinha de uns oitenta anos correndo atrás de um ladrão.
Acredite, isso é muito, muito difícil de ver.
O aeroporto está totalmente lotado. Mesmo sendo ENORME, têm muita, muita gente. Não aconselho ninguém com claustrofobia a embarcar em JK West hoje, 17 de setembro de 2015.
Mamãe, depois de uma despedida calorosa, voltou pra casa. Estou só eu e minhas canetas. Que, por acaso, acabei de comprar da senhora de quem falei antes. Meu Deus, aquela mulher tinha um estojo hiper mega gigante de canetas coloridas SmallTec.
Voltando ao assunto, estou embarcando para Londres, cidade natal da minha prima Kenna. Já fui lá uma vez, quando nós duas éramos bem mais novas. Ela abandonou a Inglaterra e foi morar na Oceania, que eu achei um completo desperdício. Quer dizer, a Inglaterra é melhor que a Austrália, não acha?
Bem, eu...
Ah, eu.
Sou Amberly Jane Montefort ou Amb, esqueça as formalidades, Q.D. Sou uma francesa aspirante à psicóloga que está vindo de Bordeaux – 600 quilômetros de Paris – para Londres, uma cidade desconhecida. Que pais responsáveis, hein?
Bem, eles não iam me largar sozinha sem lugar para morar, por isso compraram – isso mesmo, COMPRARAM – um apartamento num bairro que esqueci o nome e estou indisposta a procurar o papelzinho com o endereço agora.
Por quê estou indo para Londres?
Bem, meu pai estudou administração numa universidade londrina, Universidade Mathews Billardy, mas ela foi demolida e por isso estou indo para King, "enfrentar" meu curso de psicologia. 
Meu Deus, eu estou para ser jogada no mundo.
A coisa que mais pesa nas suas costas é saber que está no ápice da sua juventude e, dependendo das suas escolha, você pode ter 30 anos, parecer uma velha e morar numa casa com 27 gatos ou ter 30 anos, dois filhos, um marido e uma mansão à beira mar.
Você escolhe.
E se eu for a velha dos gatos? Me dói só de pensar nisso.
Ah, meu Deus! O avião já vai embarcar.
Tenho que ir Q.D.
Prepare-se, Londres, eu estou chegando.